segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

A Hora de Saltar



Um dos primeiros livros que li quando pequeno contava a história de uma garota numa pequena escola de equitação em Norraker, na Suécia. Suas dificuldades ao lidar com cavalos geniosos, treinamentos diários em meio às pistas cobertas de neve, assim como os preparativos com as inúmeras competições de salto pelo país. Numa dessas competições, ao saltar um obstáculo de paralelas, ouviu os cascos traseiros de seu alazão tocarem as paralelas mais altas e olhou rapidamente para trás para certificar-se se haviam caído ou não. Não caíram, felizmente e ao final da competição obteve a segunda colocação. Seu treinador a chamou no dia seguinte e questionou por que havia olhado para trás naquele salto. Ela afirmou que olhara apenas para ver se os obstáculos haviam caído, sem entender seu questionamento. Ele simplesmente disse: "É importante saber olhar para trás no momento certo. Precisamos estar atentos à nossa frente, deslumbrando o que está por vir e fazer o que deve ser feito. O que ficou para trás faz parte do passado e é importante observá-lo para analisar o que não deu certo, respeitando nossas limitações. Se os obstáculos tivessem caído, não haveria nada a ser feito naquele momento, a não ser lamentar. No momento em que você desviou a sua atenção para trás, parte de seu foco foi perdido e ao invés da segunda colocação, você poderia ter deixado a competição com a medalha de ouro."  Respeitar o passado, entendendo que ele deve permanecer lá. No presente, arriscar-se a dar novos saltos a lamentar pelo que poderia ter acontecido. É nisso que acredito.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Divindo o Pão


Sra Riyoko é dona de uma pequena padaria na região de Fukushima, onde ocorreram os vazamentos nucleares decorrentes do terremoto em março de 2011, no Japão. Naquela época a região ficou isolada das demais cidades japonesas, sofrendo com a falta de água, energia, transportes e alimentos, obrigando a população local a andar muitos quilômetros para chegar às suas casas. Vendo esta situação e o movimento enorme diante de sua padaria, a sra Riyoko teve uma idéia: como ainda dispunha de muita farinha, fermento e demais ingredientes, decidiu reabrir a sua loja e fazer muitos pães para os clientes que passavam por ali. Chamou seus funcinários de volta e juntos produziram pães dia e noite, seguidamente, suficiente para suprir a procura dos moradores locais. Mas engana-se quem pensa que a sra Riyoko se aproveitaria da situação para lucrar com a sua padaria. A cada pessoa que passava diante de seu estabelecimento, entregava-lhe um pão quentinho que acabara de fazer, para amenizar o cansaço da longa jornada para casa, alimentar e dar novas energias, agradecendo também pelo seu lar que não havia sido destruído e pela saúde para conseguir  ajudar os demais moradores, vizinhos e muitos amigos que haviam perdido tudo, menos a vontade de viver. Precisamos cada vez mais de exemplos como este, de super heróis anônimos que nos ensinam que dividir é ajudar. Que dividir é amar. E que dividir é viver.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

O Guarda e a Câmara Fria


Fim de expediente numa fábrica de sorvetes de uma cidade na Noruega. O guarda observa a saída dos funcionários e após a saída de todos, intrigado, entra na fábrica e faz uma inspeção minuciosa, como que à procura de algo muito importante. Busca por todos os andares, departamentos e finalmente escuta um ruído abafado, ao longe. Aproxima-se e consegue escutar um homem gritando por socorro, dentro de uma das câmaras frias. Abre a porta e se depara com um dos funcionários, tremendo de frio, mas muito feliz e grato por salvar-lhe a vida. "Como sabia que eu havia ficado preso lá dentro, se não faz parte de seu trabalho inspecionar as câmaras frias?" perguntou ao guarda, ainda incrédulo. Ele sorriu e simplesmente disse: "Você é uma das poucas pessoas que me cumprimentam todos os dias, desejando um bom trabalho. Quando percebi que não havia saído da fábrica, sabia que algo havia acontecido e daí foi fácil lhe encontrar."
Num mundo em que a educação e a cortesia tem sido cada vez mais ignoradas e esquecidas, como que dentro de uma câmara fria, ainda somos capazes de nos emocionar com histórias como esta e ter a certeza de que ainda há tempo para mudar, de fazer uma nova história.
Pense a respeito.